terça-feira, 30 de março de 2010

Vila Nova, sua grandeza






Existem várias formas de se construir uma história eterna.

No âmbito internacional, pode-se até se tornar o maior time do mundo se aliando a um governo totalitário, tendo suas vitórias computadas na mesma velocidade que as mortes que tal governo proporcione.

Outra é criar uma hegemonia nacional envolvendo-se em corrupção, aliando-se com empresas "nebulosas" trazendo jogadores internacionais e caros para seu elenco.

Também é possível trazer grandes jogadores, ainda que a origem do dinheiro não seja declarada. Ou até mesmo tendo um histórico de racismo e repressão aos pobres e aos negros, a ponto de quando a situação se tornar irremediável obrigar que seus jogadores se maquiassem com pó de arroz para disfarçar suas origens.

Pode-se ainda construir uma hegemonia regional aliando-se a uma ditadura militar, disputando imerecidamente a primeira divisão nacional, ou conquistar campeonatos e campeonatos (em nível regional e só) comprando juízes e agindo nos bastidores, chegando até a ser hexa (olhem isso hexa), com jogos que não ocorrem e até mesmo que acabem mais cedo.

É possível até que um time ressurja das cinzas com um acordo entre uma aristocracia nova (que no fim é a mesma que a antiga), se infiltrando em um jogo político sujo, chegando até mesmo na primeira divisão de seu país.

Prefiro fazer parte de uma massa que acredita sempre, que é a parte mais sofrida de um Estado e de uma cidade. Prefiro poder olhar para o lado no estádio (que não é nenhuma arena, mas é um palco das emoções da minha gente) e enxergar por toda parte pessoas iguais a mim, iguais a cada um que construiu esse Estado, com trabalho e orgulho, rechaçando os desmandos de um bandeirante qualquer. Um povo que acredita a cada dia que o amanhã será melhor que o hoje, sem ter a necessidade de tirar vantagem ou passar alguém para traz.

Prefiro fazer parte de uma massa que é a cor dessa cidade, que faz nosso coração cantar a cada vitória mesmo que seja mínima.

Cada time constrói sua história por méritos próprios, e sua torcida é seu reflexo. Se o futebol fosse ciência exata, todos torceríamos para o mais vencedor.

Assim, não viveríamos qualquer emoção, até chegarmos à chatice de uma planificação das emoções, que acabaria por eliminá-las.

Uma fé que nunca tem fim é construída dia após dia, por todos nós. Porque o Vila Nova não se discute, se ama.

Vila eu te amoo. (Muito, intensamente e cada vez mais).



sexta-feira, 12 de março de 2010

Gabriel Batistuta – O BatiGoll


Gabriel Omar Batistuta, na juventude um pouquinho antes de se tornar o BatiGoll dividia a prática do futebol com a do basquete. Quando em 1988 o juvenis do Newl`s Old Boys foram jogar em Santa Fé buscar novos talentos viram um “pibe” desengonçado e meio gordinho, mas com um talento incomum para colocar a bola nas redes (com os pés), em tal empreitada tal garoto jogando por uma equipe de um povoado dos arredores de Santa Fé fez quatro gols.


Alguns disseram: “só pode ter sido sorte”, J. Griffa um dos olheiros respondeu: “Ninguém faz quatro gols por acaso”.


Não deu outra, aos dezessete anos Gabriel deixara o basquete definitivamente, os amantes do futebol agradecem.


Em 1988, jogando pelo Newl`s em sua primeira temporada como profissional levou o time ao vice campeonato da Taça Libertadores das Américas.


No ano seguinte foi contratado pelo River Plate, sagrando-se campeão argentino. Mesmo sendo fundamental para o time não contava com a aprovação do treinador Daniel Passarela, que o liberou para o rival Boca Juniors, isso já em 1990.



Em 1991 foi campeão da Copa América pelo selecionado argentino, em 1993 fez os dois gols da final sagrando-se bi-campeão do torneio de seleções mais importante das Américas.



Daí pra frente, não existia mais Gabriel Batistuta, mas sim Gabriel BatiGoll.


Foi para a Europa onde transformou-se em ídolo na Fiorentina, onde já sendo o BatiGoll e um dos

centroavantes mais temidos do futebol mundial rejeitou propostas para sair do time de Florença. Em sua homenagem os tiffosi, como são
conhecidos os torcedores da Fiorentina construíram uma estátua à porta do Estádio Artemio Franchi onde se lê: “A Gabriel Batistuta, guerreiro indomável, tenaz no seu objetivo e leal no seu coração”. Sim eu sei, não se fazem mais jogadores assim.

Atuou também pela Roma sagrando-se campeão italiano, algo que não acontecia há dezenove temporadas. Atuou também pela Inter de Milano.


Imagem que não me sai da cabeça? Oras, a cara de apreensão de todo torcedor rival (inclusive eu) quando o BatiGoll partia rumo ao gol adversário. Matador do mais alto gabarito.


Gabriel Omar Batistuta provou que no futebol não precisa ser habilidoso, driblador, firulento para se ser eficiente, basta desempenhar bem sua função em campo... Ahhhhhh!!! E o BatiGoll desempenhava, fazia gols como poucos.



Gabriel Omar BatiGoll um camisa 9 como poucos, sem dúvidas um dos maiores que vi jogar

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Pelé: o rei o mito

Não direi que é o jogador que mais quis ver jogar entre todos os que não vi porque eu já disse que tal jogador era um outro cracasso de bola. Mas também para não ser óbvio demais, pois Pelé é o jogador que todos deveriam ter visto jogar.

Existem pessoas que nascem para fazer determinada coisa, como os casos de Hitler que nasceu para mentir para as pessoas, Rockfeller que nasceu para enganar as pessoas, Beethoven que nasceu para a música, Michael Jordan que nasceu para jogar basquete ou Dostoievski que nasceu para as letras. Pelé é um desses, nasceu para deslizar nos gramados nos gramados de futebol, ou será que o futebol que nasceu para ter Pelé como rei.

Pelé foi o maior simplesmente porque foi o jogador mais completo que o futebol já viu e que jamais tornará a ver, implacável matador,batia forte, mas “colocava” a bola quando como ninguém, tinha uma batida mortal tanto de fora quanto de dentro da área, driblava como poucos e ainda era um exímio cabeceador. É, Pelé foi o mais completo futebolista que o mundo já viu.

Por tudo isso que meu pesar é tão grande, eu não vi Pelé jogar.

Muitos comentem pecados contra o nome santo de Pelé, comparam meros mortais ao deus do futebol, comparam humanos ao mito. Existem estúpidos e incultos que criticam a pessoa do Pelé, dizendo que Pelé é eterno e o Edson não, pobres babacas! Qual jogador em qualquer esporte no ápice de sua carreira lembrou dos pobres e oprimidos? Quem lembrou das criancinhas? Portanto, mais respeito ao pronunciarem o nome santo de Pelé.

Um jogador de 1284 gols, 31 títulos e 25 artilharias, além de uma quantidade incontável de fãs, um homem mais conhecido no mundo do que Jesus, Buda ou Maomé, sim é ele: Pelé.

O que não me sai da cabeça? Essa pergunta é realmente difícil, são tantas imagens, mas a principal delas é na final da Copa de 1958, remoto tempo em que o Brasil ainda não era o BRASIL, Pelé um molequinho de 17 anos assombrou o mundo com seu futebol-arte, na final meteu um chapéu no marcador sueco e fez o mais belo gol de todas as Copas. Mas o que não me sai da cabeça é o conjunto da obra, o golasso e a narração oficial do rádio que dizia: “maaaaaaaaaaaaaaaaaaagistral o gol de Peléééééééé”, isso não me sairá da cabeça jamais.

Sim, Pelé um jogador maaaaaaaaaaaaaaaaaaaaagistral. Depois dele a camisa 10 ficou imortal, mas de fato, depois de Pelé o futebol ficou imortal.



Pelé, o jogador que todos deveriam ter visto jogar.

domingo, 13 de dezembro de 2009

O jogo dos séculos


Quando imaginei um espaço para falar de jogos históricos o primeiro que me veio a mente é justamente esse, Vila Nova 5 x 3 Goiás.

Foi sem sobra de dúvidas a maior virada da história do futebol, digo isso sem medo algum de errar. Dizem que foi a “virada do século”, mas eu discordo, foi a virada dos séculos, eu duvido que nos séculos anteriores ou nos futuros existiram ou existirão uma virada de tal magnitude, não sou louco e sei que o futebol é um esporte novo, mas pode juntar aí também a pré-história do futebol, pois nem no futebol massivo bretão ou gaulês, nem no calccio praticado nas terras em que posteriormente se formaria a Itália, nos jogos maias ou na China do imperador Su existiu uma virada assim.

Sim, foi uma virada, na verdade a maior virada que o futebol já viu. Muitos times trocariam muitos troféus de suas respectivas galerias por uma virada de tal magnitude. O Madrid trocaria no mínimo dez campeonatos de seu país por uma vitória assim sobre o Barcelona e vice e versa, aliás essa lógica se aplica a qualquer grande clássico.

Quem ama e conseqüentemente vive futebol sabe o que uma grande rivalidade é capaz, sabe que vencer o rival vale tanto quanto vencer um campeonato, um folclórico dirigente do futebol brasileiro dizia: “o meu time joga dois campeonatos em um, o primeiro e mais importante é vencer o rival, o outro é o campeonato propriamente dito”.

Vila Nova e Goiás é sem dúvidas um desses clássicos, o que começou como o time dos pobres (Vila) contra o time dos ricos (Goiás) veio a ser uma das grandes rivalidades do futebol brasileiro.

O tal jogo mitológico aconteceu em 28 de março de 1999, pelo Campeonato Goiano do referido ano, o time do Goiás contava com jogadores como: Sílvio Criciúma, Josué, Marquinhos, Túlio, Aloísio, Fernandão e Araújo, um time que realmente colocava medo nos adversários.

Do lado do Vila Nova, um monte de guerreiros, não que não fossem bons jogadores, mas somente guerreiros para expressar o que eram aqueles jogadores.

O jogo começou e rapidamente co Goiás fez 3 x 0, três gols no goleiro Harley que já havia assinado contrato com o time de verde e que posteriormente se tornara um dos maiores ídolos da história deste time.

Final do primeiro tempo a torcida começou a gritar o irritante grito “1, 2, 3 o Vila é freguês.” Parecida tudo perdido.

E a torcida do Vila Nova? Estava lá, porque a torcida do Vila não abandona o time.
Começa o segundo tempo e aos 11 minutos Anderson faz um gol, muitos pensaram “pelo menos não será goleada”, pouco depois Anderson faz mais um e muitos pensaram “uai, dá para empatar”. Até que Leonardo fez um gol fabuloso, do meio do campo encobrindo o goleiro adversário quando muitos pensaram “que se dane, dá para ganhar”. Luizão de falta fez o gol da virada e todos pensaram “não acredito que estou presenciando isso”, depois ainda teve mais um, aí não deu para pensar mais nada.
Foi um jogo fenomenal, todos os ingredientes necessário aos grandes jogos, casa cheia, rivalidade a flor da pele, jogadores expulsos, tensão e muitos, muitos gols.
O que não me sai da cabeça? Nada me sai da memória, eu poderia falar do gol do meio campo, ou qualquer outro, mas o que é mais marcante nesse jogo é a explosão da sofrida torcida vilanovense, que conseguiu a virada dos séculos.
O Vila Nova pode até ver seus rivais terem existo em suas empreitadas enquanto não consegue atingir seus objetivos, mas a virada dos séculos, ninguém tira do Vila Nova.

Se um dia eu for acometido de perda de memória e puder pedir a Deus que me conserve apenas uma lembrança, peço a Deus que conserve na memória exatamente a lembrança desse jogo.



Vilaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa.

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Garrincha - O anjo de pernas tortas



Escrevo sobre um jogador que não existiu, sim isso mesmo, Garrincha é uma invenção fictícia, um mito criado pelos humanos para tentar explicar o inexplicável.

Muita gente duvida da existência de vida fora da Terra ou que o homem tenha ido à Lua, cada um desacredita no que quiser, eu não acredito que o Garrincha tenha existido e pronto. Pois bem, acreditar em vida em um Universo tão gigantesco é fácil, acreditar em que o homem foi na Lua também, afinal existem evidências. Agora no Garrincha eu não acredito, não tem como, tenho provas pra isso, como pode um homem com as pernas tortas brincar com a bola como ele fazia? Como poderia um humano desafiar as leis da física daquele jeito? O que a gravidade poderia falar após ter sido tão humilhada.

Não, esse tal Mané não existiu.

Agora, supondo que tenha existido. Uma infância pobre como todo bom jogador brasileiro, desde criança gostava de entortar um “João” qualquer em brincadeiras de bola. Para garrincha qualquer adversário era um “João”, não importava o adversário, importava era o drible.

Tentou jogar no Flamengo, mas disseram pra ele “aqui não se aceita aleijados”. Pobre Flamengo, mal sabia que aquele garoto de pernas tortas era um gênio e que faria o time rubro-negro penar, na verdade humilharia o time da Gávea por diversas vezes.

Foi tentar a sorte no Botafogo de Futebol e Regatas, chegando lá um dirigente qualquer disse “coloca o Nilton (Santos) marcar esse moleque, ele não ganha uma e vai embora com vergonha.” O Nilton Santos ao término do treino chegou no mesmo dirigente e disse: “Ou vocês contratam o garoto ou eu não jogo mais aqui, eu é que não quero ter ele como adversário.”

Sábio Nilton Santos, o Botafogo o contratou e daí pra frente, Garrincha tornou-se um mito. Botafogo que já merece meu respeito só por ter sido o time de Garrincha.

Garrincha driblou, driblou, driblou até quem era driblador. Mas ele só driblava? Sei que existem alguns desavisados que pensam isso, mas Garrincha também dava passes e acima de tudo fazia gols, foram 283 na carreira.

Mas ele driblava e driblava mesmo, quem não conhece a história da cadeira? Que cadeira? Bom, certa tarde um dirigente qualquer disse: “Garrincha você tem que ser mais objetivo”, pegou uma cadeira e disse: “você tem que bater mais a gol, pare de brincar com os adversários, imagine que essa cadeira é um zagueiro, passe por ela e faça o gol.” O que o Garrincha fez? Passou rápido pela cadeira chegou na cara do gol e... Voltou, deu uma caneta na cadeira um boné e aí sim fez o gol, fez isso por mais quatro vezes e sempre com dribles diferentes.

Esse era Garrincha.

Campeão da Copa de 1958, quando o mundo conheceu a “ginga” brasileira uma coisinha que até hoje tentam saber o que é. Foi campeão desconhecendo os adversários como se estivesse jogando contra times de bairro ajudou o Brasil a atropelar os até então temíveis europeus.

Na Copa de 1962 então, Pelé havia se machucado e Garricha teve nada mais nada menos que a maior atuação de um jogador em Copa do Mundo, jogou demais, humilhou quem viesse pela frente. Colocou seu nome entre os maiores jogadores de todos os tempos, aliás, para muitos o maior.

Imagem que não me sai da cabeça, são muitas, são muitos dribles inimagináveis, mas a mais marcante é de um jogo contra o Vasco da Gama em que Garrincha dribla três adversários volta e os dribla novamente derrubando dois no chão. Isso que era craque.

Garrincha, o único que não é pecado ser comparado com Pelé.

"Se há um deus que regula o futebol, esse deus é sobretudo irônico e farsante, e Garrincha foi um de seus delegados incumbidos de zombar de tudo e de todos, nos estádios. Mas, como é também um deus cruel, tirou do estonteante Garrincha a faculdade de perceber sua condição de agente divino. Foi um pobre e pequeno mortal que ajudou um país inteiro a sublimar suas tristezas. O pior é que as tristezas voltam, e não há outro Garrincha disponível. Precisa-se de um novo, que nos alimente o sonho."

Carlos Drumond de Andrade

"A um passe de Didi, Garrincha avança
Colado o couro aos pés, o olhar atento
Dribla um, dribla dois, depois descansa
Como a medir o lance do momento.

Vem-lhe o pressentimento; ele se lança
Mais rápido que o próprio pensamento
Dribla mais um, mais dois; a bola trança
Feliz, entre seus pés – um pé-de-vento!

Num só transporte a multidão contrita
Em ato de morte se levanta e grita
Seu uníssono canto de esperança.

Garrincha, o anjo, escuta e atende: – Goooool!
É pura imagem: um G que chuta um o
Dentro da meta, um 1. É pura dança!"

Vinicius de Moraes




Por tudo isso eu repito:

Garrincha não existiu, é um mito.

domingo, 29 de novembro de 2009

Denner - o anjo negro

Quando descobri que eu era irremediavelmente viciado em futebol? Na verdade foram em dois momentos, um em 1990 quando o Vasco perdeu o título do então importante Campeonato Carioca para o Botafogo de Futebol e Regatas, o Vasco mesmo perdendo deu a Volta Olímpica (coisa do Eurico), me lembro bem que eu estava jantando na hora do jogo, de uma hora para outra perdi a fome e quando vi estava chorando, depois disso vi que o futebol faria parte de minha vida para sempre; outra ocasião foi em 19 de abril de 1994, foi um dia comum até 12:50, um dia em que acordei lá pelas 9 horas fui pra quadra bater uma sagrada bolinha, pra variar fiquei jogando um pouquinho demais, voltei pra casa tomei banho almocei e fui pra escola sem sequer ver o Globo Esporte, cheguei na aula um amigo vascaíno me abraçou, um corintiano balançou a cabeça, e eu perguntei:

O que houve?

O corintiano disse:

Cara o Denner morreu você viu?

Eu disse:

Você ta doido? Para de brincadeira besta.

O amigo vascaíno disse:

É verdade, o anjo negro se foi.

Daí pra frente não sei como se desenrolou a conversa, sei que meus olhos encheram-se de lágrimas, não assisti a aula naquele dia e nos próximos 7 ou 8, algo impensado pra mim na época, até então eu devia ter faltado no máximo uns 5 dias de aula. Mas eu não consegui sair de casa nos próximos dias. Denner, o jogador que fazia com que meu time fosse para mim invencível havia morrido, havia me mostrado que também era mortal e não um super-herói como eu imaginava.

Denner, moleque de jogo fácil, que driblava os adversários como se estes fossem estátuas, fazia de uma caneta o momento máximo daquele momento. Ahhhhh como jogava!

O garotinho que veio da Portuguesa de Desportos com dribles mirabolantes uma velocidade inimaginável e ainda por cima sabia bater a gol, sim o Denner era um cracasso de bola.

Imagem que não me sai da cabeça, na verdade são duas, uma a do carro branco cravado em um poste, isso destruiu meus sonhos de ser invencível; outra não é a do Denner driblando todo o time gambá e metendo um golaço, mas sim a de um jogo contra o Botafogo de Futebol e Regatas em que o Valdir Bigode já havia feito uns 2 ou 3 não importa, quando o Denner veio driblando, deu um drible de corpo em um “João” qualquer fez que ia bater deixou um outro “João” no chão chegou na cara do goleiro fez que bateu no canto e colocou entre as pernas do goleiro, foi quando ouvi o inigualável Januário de Oliveira gritar: “Eeeeeeeeeee o gol, gooooooooool”, mas sabe o que aconteceu? Não foi gol, sim, não foi gol, aí pergunto: e daí? Neste caso o gol era sim um detalhe.

Denner, o último grande herói da minha infância.

Você sim foi um camisa 10.

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Puskas - O cavaleiro galopante



Ele era baixinho, gordo se vestia horrivelmente mal e ainda andava de uma forma a causar gargalhadas nos mais desavisados. Este era Ferenc Puskas Biró, um cidadão húngaro que poderia ter uma existência sem que fosse notado por ninguém, poderia se não fosse o futebol.

Este húngaro que não se enquadra de maneira nenhuma com a postura elegante de Zidane, Francescoli ou Didi é um dos jogadores que não vi, mas que queria demais ter visto jogar, isso porque ele foi sem dúvidas um dos maiores jogadores que o futebol já viu. Um meia que é o maior artilheiro da história do futebol (sim, o maior), podem dizer que futebol na época era diferente, que um gordinho daqueles não jogaria hoje, mas uma coisa eu sei, inventaram a expulsão por causa dele, porque bateram tanto nele que criaram uma forma de coibir tamanha deslealdade. Será que os “estrelinhas” de hoje, meninos que mais parecem umas bonequinhas jogaria na época de Puskas? Acho difícil.

Puskas foi o líder do time mais temido da história do futebol o Onvéd de Budapeste, um time tão forte que quando começou a perder as pessoas duvidavam, se perguntava: “como pode ser verdade?”

A seleção húngara comandada por Puskas foi um dos times mais impressionantes que o “esporte das multidões” já viu, um time imbatível, imbatível até quebrarem a perna do “major galopante”, sua perna esquerda, justo a perna esquerda a mais temida do futebol de então, sim quebraram sua perna “mágica” de tanto baterem nela na final da Copa de 1954 na Suíça. Mesmo assim continuou até o fim (não, não se fazem mais jogadores assim), como disse antes, por isso inventaram a expulsão. Só isso não bastava para derrotar o grande time, mas aí enlamearam o campo de jogo, criaram uma chuteira especial para os alemães jogar (aí começa a história da Adidas), fizeram de tudo e conseguiram derrotar a seleção de Puskas.

Mesmo assim, Puskas saiu daquele mundial como o grande jogador de futebol do planeta, não é por menos o gordinho jogava demais.

O mundo daquela época era outro, as transformações políticas resultantes do pós guerra estavam a todo vapor, quando em 1956 o correu a Revolução Húngara e a Hungria se rebelou contra a invasão Soviéticao Honvéd e a própria seleção deixaram de existir.

Puskas foi para a Espanha e jogou no Real Madrid, ao lado de Alfredo di Stéfano (figurará aqui hora ou outra), Raymond Kopa e Francisco Gento (também figurarão) fez do Madrid o maior time da época e ajudou a fazer do time espanhol o maior time do século XX, ganharam tudo o que disputaram.

Jogou sem muito brilho a Copa de 1962 pela seleção Espanhola, nem precisava jogar, pois o que ele havia feito na Copa de 1954, Meu Deus!!!Imagem que não me sai da cabeça é daquele gordinho e baixinho com brilhantina no cabelo, a primeira vista um “Zé ninguém”, sim esta imagem é marcante, pois ainda não acredito como ninguém jamais fez mais gols do que aquele gorduchinho. Outra imagem também é a de Puskas saindo de campo carregado no que ficou conhecido como “batalha de Berna”, deveria ser chamado de “massacre de Berna”pois o que os alemães fizeram, não foi futebol.

Muitos dizem: mas a Hungria só teve aquele time de 1954? Só Puskas?

Eu digo: Só?

Puskas o futebol te agradece, pois é por jogadores como você que o GOOL é o momento mais importante de uma partida de futebol.