domingo, 29 de novembro de 2009

Denner - o anjo negro

Quando descobri que eu era irremediavelmente viciado em futebol? Na verdade foram em dois momentos, um em 1990 quando o Vasco perdeu o título do então importante Campeonato Carioca para o Botafogo de Futebol e Regatas, o Vasco mesmo perdendo deu a Volta Olímpica (coisa do Eurico), me lembro bem que eu estava jantando na hora do jogo, de uma hora para outra perdi a fome e quando vi estava chorando, depois disso vi que o futebol faria parte de minha vida para sempre; outra ocasião foi em 19 de abril de 1994, foi um dia comum até 12:50, um dia em que acordei lá pelas 9 horas fui pra quadra bater uma sagrada bolinha, pra variar fiquei jogando um pouquinho demais, voltei pra casa tomei banho almocei e fui pra escola sem sequer ver o Globo Esporte, cheguei na aula um amigo vascaíno me abraçou, um corintiano balançou a cabeça, e eu perguntei:

O que houve?

O corintiano disse:

Cara o Denner morreu você viu?

Eu disse:

Você ta doido? Para de brincadeira besta.

O amigo vascaíno disse:

É verdade, o anjo negro se foi.

Daí pra frente não sei como se desenrolou a conversa, sei que meus olhos encheram-se de lágrimas, não assisti a aula naquele dia e nos próximos 7 ou 8, algo impensado pra mim na época, até então eu devia ter faltado no máximo uns 5 dias de aula. Mas eu não consegui sair de casa nos próximos dias. Denner, o jogador que fazia com que meu time fosse para mim invencível havia morrido, havia me mostrado que também era mortal e não um super-herói como eu imaginava.

Denner, moleque de jogo fácil, que driblava os adversários como se estes fossem estátuas, fazia de uma caneta o momento máximo daquele momento. Ahhhhh como jogava!

O garotinho que veio da Portuguesa de Desportos com dribles mirabolantes uma velocidade inimaginável e ainda por cima sabia bater a gol, sim o Denner era um cracasso de bola.

Imagem que não me sai da cabeça, na verdade são duas, uma a do carro branco cravado em um poste, isso destruiu meus sonhos de ser invencível; outra não é a do Denner driblando todo o time gambá e metendo um golaço, mas sim a de um jogo contra o Botafogo de Futebol e Regatas em que o Valdir Bigode já havia feito uns 2 ou 3 não importa, quando o Denner veio driblando, deu um drible de corpo em um “João” qualquer fez que ia bater deixou um outro “João” no chão chegou na cara do goleiro fez que bateu no canto e colocou entre as pernas do goleiro, foi quando ouvi o inigualável Januário de Oliveira gritar: “Eeeeeeeeeee o gol, gooooooooool”, mas sabe o que aconteceu? Não foi gol, sim, não foi gol, aí pergunto: e daí? Neste caso o gol era sim um detalhe.

Denner, o último grande herói da minha infância.

Você sim foi um camisa 10.

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