domingo, 29 de novembro de 2009

Denner - o anjo negro

Quando descobri que eu era irremediavelmente viciado em futebol? Na verdade foram em dois momentos, um em 1990 quando o Vasco perdeu o título do então importante Campeonato Carioca para o Botafogo de Futebol e Regatas, o Vasco mesmo perdendo deu a Volta Olímpica (coisa do Eurico), me lembro bem que eu estava jantando na hora do jogo, de uma hora para outra perdi a fome e quando vi estava chorando, depois disso vi que o futebol faria parte de minha vida para sempre; outra ocasião foi em 19 de abril de 1994, foi um dia comum até 12:50, um dia em que acordei lá pelas 9 horas fui pra quadra bater uma sagrada bolinha, pra variar fiquei jogando um pouquinho demais, voltei pra casa tomei banho almocei e fui pra escola sem sequer ver o Globo Esporte, cheguei na aula um amigo vascaíno me abraçou, um corintiano balançou a cabeça, e eu perguntei:

O que houve?

O corintiano disse:

Cara o Denner morreu você viu?

Eu disse:

Você ta doido? Para de brincadeira besta.

O amigo vascaíno disse:

É verdade, o anjo negro se foi.

Daí pra frente não sei como se desenrolou a conversa, sei que meus olhos encheram-se de lágrimas, não assisti a aula naquele dia e nos próximos 7 ou 8, algo impensado pra mim na época, até então eu devia ter faltado no máximo uns 5 dias de aula. Mas eu não consegui sair de casa nos próximos dias. Denner, o jogador que fazia com que meu time fosse para mim invencível havia morrido, havia me mostrado que também era mortal e não um super-herói como eu imaginava.

Denner, moleque de jogo fácil, que driblava os adversários como se estes fossem estátuas, fazia de uma caneta o momento máximo daquele momento. Ahhhhh como jogava!

O garotinho que veio da Portuguesa de Desportos com dribles mirabolantes uma velocidade inimaginável e ainda por cima sabia bater a gol, sim o Denner era um cracasso de bola.

Imagem que não me sai da cabeça, na verdade são duas, uma a do carro branco cravado em um poste, isso destruiu meus sonhos de ser invencível; outra não é a do Denner driblando todo o time gambá e metendo um golaço, mas sim a de um jogo contra o Botafogo de Futebol e Regatas em que o Valdir Bigode já havia feito uns 2 ou 3 não importa, quando o Denner veio driblando, deu um drible de corpo em um “João” qualquer fez que ia bater deixou um outro “João” no chão chegou na cara do goleiro fez que bateu no canto e colocou entre as pernas do goleiro, foi quando ouvi o inigualável Januário de Oliveira gritar: “Eeeeeeeeeee o gol, gooooooooool”, mas sabe o que aconteceu? Não foi gol, sim, não foi gol, aí pergunto: e daí? Neste caso o gol era sim um detalhe.

Denner, o último grande herói da minha infância.

Você sim foi um camisa 10.

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Puskas - O cavaleiro galopante



Ele era baixinho, gordo se vestia horrivelmente mal e ainda andava de uma forma a causar gargalhadas nos mais desavisados. Este era Ferenc Puskas Biró, um cidadão húngaro que poderia ter uma existência sem que fosse notado por ninguém, poderia se não fosse o futebol.

Este húngaro que não se enquadra de maneira nenhuma com a postura elegante de Zidane, Francescoli ou Didi é um dos jogadores que não vi, mas que queria demais ter visto jogar, isso porque ele foi sem dúvidas um dos maiores jogadores que o futebol já viu. Um meia que é o maior artilheiro da história do futebol (sim, o maior), podem dizer que futebol na época era diferente, que um gordinho daqueles não jogaria hoje, mas uma coisa eu sei, inventaram a expulsão por causa dele, porque bateram tanto nele que criaram uma forma de coibir tamanha deslealdade. Será que os “estrelinhas” de hoje, meninos que mais parecem umas bonequinhas jogaria na época de Puskas? Acho difícil.

Puskas foi o líder do time mais temido da história do futebol o Onvéd de Budapeste, um time tão forte que quando começou a perder as pessoas duvidavam, se perguntava: “como pode ser verdade?”

A seleção húngara comandada por Puskas foi um dos times mais impressionantes que o “esporte das multidões” já viu, um time imbatível, imbatível até quebrarem a perna do “major galopante”, sua perna esquerda, justo a perna esquerda a mais temida do futebol de então, sim quebraram sua perna “mágica” de tanto baterem nela na final da Copa de 1954 na Suíça. Mesmo assim continuou até o fim (não, não se fazem mais jogadores assim), como disse antes, por isso inventaram a expulsão. Só isso não bastava para derrotar o grande time, mas aí enlamearam o campo de jogo, criaram uma chuteira especial para os alemães jogar (aí começa a história da Adidas), fizeram de tudo e conseguiram derrotar a seleção de Puskas.

Mesmo assim, Puskas saiu daquele mundial como o grande jogador de futebol do planeta, não é por menos o gordinho jogava demais.

O mundo daquela época era outro, as transformações políticas resultantes do pós guerra estavam a todo vapor, quando em 1956 o correu a Revolução Húngara e a Hungria se rebelou contra a invasão Soviéticao Honvéd e a própria seleção deixaram de existir.

Puskas foi para a Espanha e jogou no Real Madrid, ao lado de Alfredo di Stéfano (figurará aqui hora ou outra), Raymond Kopa e Francisco Gento (também figurarão) fez do Madrid o maior time da época e ajudou a fazer do time espanhol o maior time do século XX, ganharam tudo o que disputaram.

Jogou sem muito brilho a Copa de 1962 pela seleção Espanhola, nem precisava jogar, pois o que ele havia feito na Copa de 1954, Meu Deus!!!Imagem que não me sai da cabeça é daquele gordinho e baixinho com brilhantina no cabelo, a primeira vista um “Zé ninguém”, sim esta imagem é marcante, pois ainda não acredito como ninguém jamais fez mais gols do que aquele gorduchinho. Outra imagem também é a de Puskas saindo de campo carregado no que ficou conhecido como “batalha de Berna”, deveria ser chamado de “massacre de Berna”pois o que os alemães fizeram, não foi futebol.

Muitos dizem: mas a Hungria só teve aquele time de 1954? Só Puskas?

Eu digo: Só?

Puskas o futebol te agradece, pois é por jogadores como você que o GOOL é o momento mais importante de uma partida de futebol.

Palmeiras x Flamengo, semifinal da Copa do Brasil de 1999: “O milagre palestrino”


No dia 21 de maio de 1999, no Estádio Palestra Itália (que homenageia o primeiro nome do time alviverde paulista) ocorreu uma das maiores e mais inacreditáveis batalhas futebolísticas da história. O jogo, ou melhor, a guerra, era válida pelo 2° jogo da semifinal da Copa do Brasil do respectivo ano e de um lado se encontrava a Sociedade Esportiva Palmeiras e do outro o Clube de Regatas Flamengo.

O resultado do primeiro jogo, 2 a 1 a favor do Flamengo, dava uma ligeira vantagem ao rubro negro. Para se classificar o Palmeiras teria que vencer por dois gols de diferença. O Flamengo tinha um excelente time e contava com a qualidade técnica e o faro de gol do maior goleador que vi jogar, o “baixinho Romário”, considerando que ainda estava no auge de sua carreira. Entretanto, o Palmeiras contava com um dos melhores elencos de sua história e confiava no trabalho sério do então técnico Luis Felipe Scolari, que 3 anos depois levaria a seleção brasileira ao pentacampeonato mundial.

O jogo estava truncado! No meio de campo, a marcação de ambos os times era implacável, até que aos 42 minutos do primeiro tempo o time carioca abriu o placar: Rodrigo Mendes fuzilou a bola no gol do arqueiro Marcos (que em breve ficaria conhecido como São Marcos, pelos milagres operados no gol palmeirense). O Palmeiras agora precisava marcar 3 gols para se classificar. O primeiro tempo acabara e o time palestrino saía cabisbaixo para o vestiário.

Não se sabe o que o “Felipão” falou aos jogadores, mas o que se pode notar é que o time voltou do vestiário para o segundo tempo com outro ânimo. E aos 26 do segundo tempo, em uma bola rebatida na área Oséias (grosso, mas matador) empatou o jogo para o time paulista.

Seis minutos depois, numa cobrança de falta perfeita, no ângulo do gol do goleiro Marcos, Rodrigo Mendes, mais uma vez colocou o Flamengo em vantagem. A torcida palmeirense não acreditava no que via, o Palestra Itália emudeceu-se. Para se classificar o time paulista precisava de um milagre, teria que marcar 3 gols em pouco mais de 10 minutos, considerando os acréscimos dado pelo árbitro. Parte da torcida se levantou e fazia fila para deixar o estádio.

A imprensa esportiva já declarava o Flamengo como o finalista da Copa do Brasil de 1999(não a culpo por isso, pois nem mesmo os mais fanáticos palmeirenses acreditavam numa virada, ainda mais por 2 gols de diferença). Na Rede Globo, Galvão Bueno narrava: “nada mais tira essa final do Flamengo”. Pela Rádio Bandeirantes, o grande José Silvério disse: “Somente um milagre para salvar o ferido Palmeiras”. Luciano do Vale, pela Rede Bandeirantes declarava: “O Flamengo está na final”. Até que aos 35 do 2° tempo, surgia um fio de esperança alviverde: Júnior (lateral esquerdo) chutou uma bola venenosa da entrada da grande área e estufou as redes do gol flamenguista.

Poderia ocorrer o improvável? Seria possível uma virada do Palmeiras sobre o Flamengo? Ocorreria o “milagre” profetizado por José Silvério?

A torcida que outrora deixava o estádio, retornava e com ela voltava o sonho de estar em mais uma final na Copa do Brasil. Aos 44 do 2° tempo o Palmeiras tinha um escanteio à seu favor. O banco de reservas estava “todo de pé” e em mais uma bola rebatida pela defesa o Palmeiras chegava à virada. Euler, “o filho do vento”, marcou o terceiro do time palmeirense.

Agora a torcida palmeirense estava em êxtase, o Palestra Itália tremia, os jogadores demonstravam uma raça e determinação inimaginável. Haviam ganhado tantas batalhas para nada? Haviam chegado à virada para “morrerem na praia”?

NÃO! Custasse o que custasse aqueles jogadores, ou melhor dizendo, aqueles guerreiros, não sairiam derrotados daquela partida.

No último lance da partida, aos 48 do segundo tempo, outro escanteio para o time do Palmeiras.

Agora não só o banco de reservas como todos que se encontravam no estádio estavam em pé gritando, incentivando e aguardando que o grande milagre palestrino ocorresse. O goleiro Marcos se dirigiu à área. Foi a vez da torcida flamenguista se emudecer. Júnior bateu o escanteio, Evair cabeceou em cima do zagueiro, o mesmo Evair chutou a bola rebatida, Oséias dividiu a bola no alto com o goleiro e Euler, mais uma vez ele, o “filho do vento”, de cabeça empurrou para o gol.

Estava concretizado o milagre da raça e da determinação. Chegava ao fim um dos maiores jogos da história do futebol mundial. Uma virada surpreendente! Algo utópico havia ocorrido e o Palmeiras chegava pela segunda vez consecutiva na final da Copa do Brasil.

O que não me sai da cabeça é o momento do último lance da partida, na hora do escanteio, todos os palmeirenses se levantaram e começaram a pular e gritar: “Olê...olê...olê...porcoooo...porcooo”, até que mostrou a imagem da câmera que localizava-se em meio à torcida alviverde e se podia ver claramente o tanto que a arquibancada estava estremecida. Podia observar no olhar de cada palmeirense um brilho de esperança, e talvez essa energia...esse momento em que não se encontrava nenhum ser vivo parado no Palestra...foi o que levou o Palmeiras à grande virada.

Texto de:
GABRIEL ALVES OLIVEIRA

O que é um "clássico"?




Ao projetar a presente página sempre imaginei um espaço para poder falar de confrontos clássicos, sejam eles os chamados derbys ou simplesmente clássicos mesmo. Mas logo vem a pergunta: o que é um confronto clássico?

Recentemente um cronista do meu Estado (Goiás) falou que um grande clássico do meu Estado deixaria de ser clássico porque um dos times estaria na segunda divisão do certame nacional e que, o grande clássico do Estado mudaria, seria outro.

Eu pergunto: acaso clássico é algo tão transitório assim? Se for pode ser considerado clássico? Um clássico depende da posição em que está para ser clássico? É em busca de respostas para tais perguntas que irei no presente momento.

Ao tentar responder as indagações apontadas acima não sei se o faço levando em consideração meus anos na faculdade de História ou minhas décadas de estádios e jogos pela TV e rádio. Sim, creio que a segunda opção é a mais plausível, se bem que os anos do curso de História (bons anos por sinal) me trouxeram um inestimável conhecimento sobre futebol, já que as conversas sobre “bola” nos banquinhos da antiga FCHF em muito me valeram.

Mas, ao falar de clássico do futebol logo me vem um questionamento sobre o que é de fato um clássico e, se algo para se tornar clássico tem automaticamente que tomar o lugar de outro, creio que não, afinal quando Richard Wagner expôs seu talento se transformando rapidamente em clássico não tomou o lugar de Beethoven (cito os dois por não conseguir decidir qual obra é mais explosiva: A Cavalgada das Valquírias ou a Nona Sinfonia).

Para um clássico existir não necessariamente deve tomar o lugar de outro, um clássico se faz na transição de gerações, se faz nas entranhas do imaginário de um povo.

Diferentemente do que alguns possam imaginar não devem existir graduações em clássicos, afinal, poderia eu perguntar: qual o maior clássico da literatura? Crime e Castigo (Dostoievski), El Ingenioso Hidalgo Don Quixote de La Mancha (Cervantes), A Divina Comédia (Dante), Os Miseráveis (Victor Hugo), Fausto (Goethe), Rei Lear (Shakespeare), Odisséia (Homero), Cien Años de Soledad (Garcia Marquéz), Guerra e Paz (Tolstói) ou tantos outros? Há quem discuta se Crime e Castigo é a maior obra de Dostoievski ou se Rei Lear é a “obra mais clássica” de Shakespeare. O que se sabe é que todas as obras e os respectivos autores supracitados são clássicos, o fato de um ser clássico não faz com que o outro não seja. Clássico é clássico sem que um seja mais clássico do que o outro.

No futebol não é diferente, vai dizer para um torcedor do Widad que Real Madrid e Barcelona é um clássico maior do que Widad x Raja Cassablanca, ou tente falar para um cidadão de Verona que Hellas Verona x Chievo Verona não é o maior clássico do futebol italiano.
Os grandes clássicos do futebol se constituem por razões diferentes, algumas mais fáceis de serem notadas e outras impossíveis. Vamos a algumas delas com exemplos clássicos de confrontos clássicos.

Um confronto entre duas equipes pode simbolizar uma disputa política, caso marcante é Real Madrid x Barcelona, não é segredo para ninguém que o Madrid se transformou no maior time do século XX com uma “ajudinha” do ditador Francisco Franco Dehamonde que ameaçava juízes, forçava resultados, perseguia jogadores do Barça e por fim, quando tudo isso não dava admitia a contragosto que o Barcelona era o legítimo campeão espanhol. Por outro lado, o Barcelona celebrava nos campos as vitórias que não podiam ser celebradas na política ou em campos de batalhas, expressando no futebol todo orgulho de ser catalão, em um clássico de 2004 no Camp Nou com 120 mil pessoas aparece a frase: “Catalunya no es España”.

Um exemplo de clássico que se notabilizou por causa de questões econômicas trazendo para o campo rixas extra campo é o clássico mor holandês Feyenoord x Ajax, sendo que o primeiro representa a antiga Holanda, os antigos aristocratas que comandaram o país antes do século XX, a Holanda do interior, dos caminhos das antigas feiras; e do outro lado o Ajax representa a nova Holanda, a Holanda dos judeus a Holanda dos modernos portos.

Dentro da temática da economia tem também o famoso os ricos contra os pobres, caso de Boca Juniors x River Plate, sendo o segundo conhecido como “los millionarios”, ou então Milan x Inter de Milão, sendo pasmem, os primeiros os pobres, ou então Anápolina x Anápolis, sendo o segundo chamado de “time de carroceiros” expressando sua origem humilde. Clássicos deste estilo existem mundo afora, poderíamos listar mais de uma dezena, mas cremos que estes representem bem o que queremos expressar no presente momento. O mais emblemático deles talvez seja Vasco da Gama x os outros times do Rio de Janeiro, mas se for assim poderíamos alegar questões raciais que fizeram com que o Vasco da Gama fosse odiado pelos outros times elitistas e embranquecidos do Rio de Janeiro, mas é melhor creditarmos a rivalidade apenas ao campo social, pois sendo assim teríamos que citar Grêmio x Inter, o primeiro segregacionalista até pouco tempo.

Existe também o clássico que junta as duas questões a política e a econômica, é o caso de Dinamo Kiiv e Shakhtar Donetsk, o primeiro representa a nova Ucrânia que quer fazer parte da União Européia, a Ucrânia moderna e competitiva, já o segundo representa a Ucrânia saudosista da URSS que crê que o petróleo é a solução para todos ao males e que não se vê como europeu, mas sim como eslavo-russo.

Um clássico pode ser grande também por transpor o campo religioso e chegar ao esportivo, como o caso do magnífico Celtic Rangers x Glasgow Rangers, sendo o primeiro representante da parte católica da Escócia e o segundo o representante dos protestantes escoceses.

Existem os chamados Derbys, clássicos dentro da mesma cidade, aí poderia citar muitos, pois são os mais comuns: Guarany x Ponte Preta, Remo x Paysandu, Santa Cruz x Sport Recife, Galatasaray x Fenerbaçe, Peñarol x Nacional, América x Deportivo Cali, Juventus x Torino, Manchester United x Manchester City, Vila Nova x Goiás, Atlas x Chivas Guadalajara, Slavia Praha x Sparta Praha, CSKA Moskva x Spartak Moskva, Dinamo Bucuresti x Steaua Bucuresti, Grasshoppers x FC Zürich , Everton x Liverpool, Estrela Vermelha x Partizan Belgrado, Arsenal x Tottenham, Sevilha x Real Betis, Independiente x Racing, Rosario Central x Newell’s Old Boys, Cerro Porteño x Olimpia, Olympiacos x Panatinaico, Al Ahly x Zamalek, Fortaleza x Ceará, Bahia x Vitória.

Neste quesito têm também os clássicos inter-bairros: Roma x Lazio, West Ham x Millwall, Fluminense x Botafogo. O futebol argentino é marcado por este tipo de clássico onde podemos destacar os clássicos inter-bairros de Buenos Aires: San Lorenzo x Huracán, que são de bairros vizinhos. Além do Clássico da Zona Oeste Vélez x Ferrocarril e o Clássico da Zona Sul Banfield x Lanús.

Existem também os clássicos de instituições diferentes como Universidad Católica x Universidad de Chile e Alianza Lima x Universitário.

Tem também clássicos entre times de cidades rivais, América x Necaxa, Porto x Benfica, Paris Saint-Germain x Olympique Marseille, Borussia Dortmund x Schalke 04, Olympique Lyon x Saint-Etienne, Borussia Dortmund x Bayern de Múnich, Standard de Lieja x Anderlecht, Urawa Reds x Gamba Osaka, Valência x Real Madrid.

Tem até clássicos por brigas familiares como é o caso de Genoa x Sampdoria, aconteceu que a venda de um ídolo do Genoa o jogador Maroni ao Torino provocou um trauma muitos torcedores que haviam arrecadado dinheiro para manter o craque se sentiram traídos. Um deles foi Paolo Mantovani, que em 1970 comprou o rival Sampdoria e o levou aos títulos da Copa da Itália, da Recopa Européia e do Italiano em 91, o detalhe é que Paolo era irmão de Marcelo Mantovani presidente do Genoa.

Como havia expressado antes, são vários os motivos que fazem com que um clássico surja, mas é um só que faz com que ele se eternize: o AMOR do torcedor por seu clube. Aqui vale a máxima “clássico não tem favorito” essa é uma das maiores verdades do futebol, pois clássico é realmente um jogo diferenciado.

Um clássico continuará sendo clássico passe o tempo que passar, mesmo um dos times estando na primeira divisão e o outro na quarta divisão como é o caso de Hellas Verona x Chievo Verona, sendo que o Hellas está na quarta divisão do Calcio. Podemos também citar o exemplo de Bahia x Ypiranga, o maior clássico do futebol baiano, sim o maior clássico do futebol baiano, aí alguém pode perguntar: quem é Ypiranga, a resposta é simples, é o maior rival do Bahia, mesmo o amarelinho e preto estando quase sumido dos estádios ainda é um clássico contra o Bahia. O Chivas continuará tendo o Atlas como seu maior rival, mesmo o Atlas não sendo campeão há 50 anos.

Um clássico nasce e jamais morre.

Clássicos continuam sendo clássicos por tudo o que o cercam, o Chivas pode ganhar todos os títulos possíveis, mas... O primeiro título do Jalisco será sempre do Atlas. O Chievo Verona pode ganhar 50 campeonatos italianos, mas... O primeiro time de Verona a ter ganho será sempre o Hellas Verona.

Um clássico existe por causa do AMOR e se sustenta pela rivalidade, um torcedor do Vila Nova prefere mil vezes golear o Goiás do que o Real Madrid ou o Milan, é a rivalidade que faz com que na camisa do Hellas Verona esteja escrito: “Un calcio non dominerà mai, partito con un sangue o la morte.”, se por acaso o Chievo ganhar, a inscrição continuará lá.

O Bahia pode ser campeão brasileiro, ter uma torcida respeitada e tudo mais, mas uma coisa jamais terá: os torcedores do Ypiranga. O Chivas pode ganhar tudo, mas jamais ganhará os torcedores do Atlas, nem tampouco os filhos destes ou os filhos dos filhos. O torcedor do Shalke 04 viu nos últimos 30 anos o Bayern se tornar o maior time alemão, mas não tem o desgosto de ver sua torcida deixar de ostentar o azul para vestir vermelho.

Um clássico é clássico porque o jogo contra o rival e tudo que o cerca constitui nas horas mais importantes da vida de qualquer torcedor, até chegar a hora do outro clássico e assim eternamente.

No futebol não é o poder aquisitivo dos times que fazem os clássicos, exemplo claro disso são as riaquissimas ligas dos Estados Unidos e do Qatar que não conseguem produzir nenhum clássico, quem sabe no futuro poderemos ver confrontos clássicos nesses países.

Clássicos são clássicos e serão eternamente, jovens continuarão a se emocionar com o Werther e se apaixonar pela Charlotte, homens de meia idade continuarão a se ambicionar como o Fausto frente aos Mefistófeles de suas próprias vidas, as pessoas continuarão a se angustiar como MacBeth ou como Raskólnikov e em determinados momentos se reconhecerão como um Karamazov ou como um Sancho Pança, e é por isso que os clássicos continuarão a ser clássicos.

No futebol da mesma forma, pode nascer ou morre um país, mas o clássico continuará a ser clásscio, como o caso do Estrela Vermelha x Partizan que já foram um clássico da Iugoslávia, Sérvia e Montenegro e agora é um clássico da Sérvia, ou então o Slávia Praga x Sparta Praga que independendo do campeonato nacional que dispute é um clássico, é só este sentimento que faz com que a Portuguesa Santista um time de bairro enfrente de igual pra igual o todo poderoso Santos, um dos maiores times da história do futebol.

São nos clássicos que um grande jogador prova que é craque, são nos clássicos que se separam os meninos dos homens e os homens dos deuses.

Assistimos os mesmos clássicos que os nossos pais assistiram, que outrora os pais deles viram, e nossos filhos e netos verão os mesmos clássicos, podem até verem outros, mas também contemplarão os que nós contemplamos.
CLÁSSICO É CLÁSSICO.

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Dragan Stojković – O maestro



É um jogador que passaria despercebido na fortíssima geração Iugoslava que contava com Savićević, Petković, Milošević, Stanković, Kovačević e Mihajlović, digo: passaria se não fosse exatamente ele quem fizesse todos esses grandes jogadores jogar com seus passes perfeitos quando se reuniam.

Muitos jogadores são chamados de maestros, uns merecem ser chamados assim a grande maioria não, Stojković é um dos que merecem ser chamados de maestro. Os times em que atuou pareciam jogar ao som da mais refinada melodia, um autêntico camisa 10. Êêêêê saudades dos “camisas 10”.

Estreou pela seleção de seu país em 1984 (na equipe adulta) e foi medalha de bronze na olimpíada, mesmo o tempo parecendo demasiado longo jogou brilhantemente pela seleção de seu país até 1998 quando a seleção iugoslava fez uma excelente campanha sendo eliminada nas oitavas de final pela Holanda aos 48 do segundo tempo com um golasso do Edgard Davids (outro baita jogador). Stojković jogou pela Iugoslávia do pré e do pós guerra, simbolizando toda a categoria dos sérvios, chamados de “brasileiros da Europa”.

Um fato interessante ocorreu quando o jogador em questão atuava pelo Olympique de Marselha em 1991 quando na final da Copa da UEFA não quis cobrar um penalty contra seu ex clube o Estrela Vermelha de Belgrado, que na ocasião sagrou-se campeão do torneio. Foi emprestado ao Hellas Verona e voltou em 1993 sendo campeão da Europa pelo mesmo Olympique do mesmo ano. Não, não se fazem mais jogadores assim.

Imagem que não me sai da cabeça é a da atuação magistral de Dragan Stojković contra a Alemanha pela fase de classificação da Copa do Mundo de 1998 no jogo que ficou 2 x 2, uma das melhores atuações que já vi.

Dragan Stojković, para jogadores como você que existem a CAMISA 10.

terça-feira, 24 de novembro de 2009

Denis Bergkamp – O Mágico



Mais um holandês dos inúmeros que figurarão na presente página. Jogador de uma destreza incrível, um dos últimos grandes atacantes que o futebol produziu digo, grande atacante porque pra mim um atacante não precisa só fazer gol (o centroavante sim), só passar ou driblar, o atacante tem que fazer tudo isso.

Bergkamp foi o grande jogador do Arsenal em sua fase áurea da virada do século XX para o XXI, mesmo a imprensa dizendo que foi o Henry, sem o Bergkamp o francês não teria o mínimo brilho.

Jogador fundamental na melhor seleção que já vi jogar, a saber: a seleção da Holanda de 1998. Uma seleção mortal que tinha neste jogador o equilíbrio da técnica e da magia, fazia gols que nos faz parecer que jogar futebol é algo fácil
Atuou com as camisas do Ajax, Inter de Milão e Arsenal, as duas primeiras grandes camisas co futebol mundial, a terceira que deve sua parte de sua recente grandeza a este exímio futebolista.

Duas imagens me vêem a cabeça quando relembro lances deste singular jogador, uma meia lua estando ele de costas para o zagueiro que se não estou enganado do Totenham ou o canetasso e o gol não menos “asso” contra a argentina na citada Copa.

Se não fosse seu inveterado medo de avião, poderia ter desfilado seu requintado futebol por bem mais lugares. Fico por demais feliz ter visto este jogador atuar ao vivo em um jogo no Serra Dourada em uma ano que nem me lembro o qual, sendo sua última viagem de avião para jogar pela seleção.

Enzo Francescoli – O Príncipe uruguaio



Um jogador que o Zidane nomeou seu filho para homenageá-lo (Enzo Francescoli Zidane), não pode ser pouca coisa, dizia Zidane que não só foi o melhor jogador que ele viu jogar, mas era o jogador em quem inspirava, chegando ao ponto de ainda na época do Olympique usar uma camisa do seu ídolo abaixo da sua.

Enzo Francescoli Uriarte foi o último grande jogador uruguaio, meio campo clássico com uma destreza fenomenal, driblador fantástico e com uma visão de jogo anormal foi sem dúvidas um dos grandes meias que já vi atuando.

Foi ídolo no futebol argentino, no qual atuou pelo River Plate onde ao lado de Di Stéfano e Labruna figura entre os maiores ídolos daquele gigante do futebol argentino.

Francescoli foi o grande craque uruguaio de uma geração perdida, geração esta que envergonhou o vitorioso futebol uruguaio com derrotas e mais derrotas, foi o principal responsável pelo último grande triunfo do ofuscado futebol uruguaio: a Copa América de 1995, quando já com 33 anos o “El Príncipe” fez o gol do título.

Imagem que não me sai da cabeça é justamente a explosão da já tão sofrida torcida uruguaia após o gol do craque celeste contra o Brasil.

Se não fosse ter nascido em uma geração tão medíocre do futebol de seu país Francescoli seria idolatrado pelos que não entendem de bola, pois quem entende como o próprio Zidane já o idolatra.

Marco Van Basten – O San Marco



Às vezes fico me perguntando por que me lembro tão nitidamente do Van Basten jogando e não me lembro do Maradona sendo que o argentino jogava no mesmo campeonato italiano e na mesma época. Mas depois de tanto pensar sei sim porque em minha lembrança tem o inigualável centroavante, é que para mim (me desculpe o Romário) ninguém fazia gols tão bem quanto ele.

Confesso que minha posição favorita sempre foi o meio campo, mas este centroavante me encantou por demais, fazia gols fáceis com facilidade e fazia gols difíceis inacreditavelmente com a mesma facilidade.

Atuou com duas das mais importantes camisas do futebol, Ajax e Milan, mesmo eu sendo simpatizante confesso do Feyenoord na Holanda e da Roma na Itália não tem como deixar de admirar este exímio fazedor de gols. Jogou também com a camisa da fortíssima seleção holandesa, que nunca neguei tem minha profunda admiração.

Imagem marcante pra mim é a do ainda jovem treinador Guus Hiddink na final da Uefa de seleções de 1988 com a cara de susto após inesquecível gol de Van Basten quando este recebendo a bola numa posição aparentemente impossível para alvejar a baliza, um fantástico remate de primeira com o seu pé direito, que fez a bola passar por cima do goleiro Rinat Dasaev e entrar ao poste mais distante.

Se não fosse seu frágil joelho Van Basten teria encantado ainda mais o mundo do futebol. Mas fico feliz por ter visto este cracasso jogar.

Didi – Ou mister football





Waldir Pereira, imortalizado para o futebol como Didi, carioca de Campos dos Goytacazes, nasceu em 8 de outubro de1928. De todos os grandes craques que não vi jogar (foram muitos), Didi é o que mais quis ver, desculpem-me Pelé, Garrincha, Cruyff, Beckenbauer, Falcão e Puskás, eu queria ter visto era o “mister football” em campo.

Estilo inconfundível, elegância que mais parecia um príncipe africano em campo, tranqüilidade incomparável. Mas só isso faz com que este seja o jogador que não vi jogar que mais queria ter visto? Não, simplesmente porque Didi revolucionou o futebol, antes o jogo era força, com balões e em “disparada”, mas o “mister football” deu a cadência necessária para o esporte que mexe com milhões ser o que ele é hoje. Não me compreendam mal, Garrincha e Pelé revolucionaram o futebol brasileiro e o fez ser respeitado no mundo todo, mas Didi... Ahhh! Didi fez com que os outros mudassem sua forma de jogar.

Foi bi-campeão mundial, em 1958 e 1962, sendo considerado pela FIFA o melhor jogador da Copa do Mundo de 1958, sendo assim, o primeiro brasileiro a ser considerado o melhor do mundo.

Muitos erradamente o conhecem como o "folha seca", não meus amigos, o Didi não foi apenas o folha seca, foi o "três dedos", o "chaleira" o "lado do pé", foi sem exagero o jogador que melhor bateu na bola em todos os tempos.

O “Príncipe Etíope” foi sem dúvidas um dos melhores meio-campistas que o futebol já teve, imagem marcante é a de Didi carregando a bola tranquilamente após ter tomado o primeiro gol contra a Suécia na final da Copa de 58, dizendo aos afoitos Pelé e companhia: “Calma, é só jogar o nosso jogo que golearemos”.

Didi, muito obrigado a ter ajudado a transformar o futebol no esporte apaixonante que é hoje.

Zidane - o gênio


Confesso que fiquei meio em dúvidas ao escrever a primeira postagem do presente blog, é que entre tantos craques que o futebol já apresentou fica realmente difícil escolher um em detrimento de tantos outros. Por isso resolvi escolher o maior futebolista que vi jogar: Zinédine Zidane.

O filho de argelinos de nome Zinédine Yazine Zidane veio a ser o maior jogador francês de todos os tempos. Sim, o maior, me desculpem Platini e Fontaine, mas o Zizou é incomparável.

Com um estilo inconfundível, com uma elegância indescritível ao jogar, passe perfeito, dribles certos nas horas certas, visão de jogo mais que perfeita e ainda batendo na bola como poucos, Zidane será lembrado eternamente como um dos grandes futebolistas da história do futebol.

Jogador de inúmeros títulos e a importante marca de fazer dois gols em final de Copa do Mundo, jogou no maior clube da Itália e o maior da Espanha, sendo ídolo em ambos.

É emblemática a imagem de Zidane jogando muito aquém de suas condições na Copa do Mundo de 2002 quando a França precisava desesperadamente de uma vitória, o sofrimento expresso em seu rosto demonstra a vontade de vencer deste genial jogador.

Algumas coisas me entristecem no mundo do futebol, tal como não poder ter visto Pelé, Garrincha, Cruyff, Beckenbauer, Falcão, Puskás dentre outros jogar, mas fico muitíssimo feliz de ter visto alguns craques jogar, especialmente o genial ZIDANE.