segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Pelé: o rei o mito

Não direi que é o jogador que mais quis ver jogar entre todos os que não vi porque eu já disse que tal jogador era um outro cracasso de bola. Mas também para não ser óbvio demais, pois Pelé é o jogador que todos deveriam ter visto jogar.

Existem pessoas que nascem para fazer determinada coisa, como os casos de Hitler que nasceu para mentir para as pessoas, Rockfeller que nasceu para enganar as pessoas, Beethoven que nasceu para a música, Michael Jordan que nasceu para jogar basquete ou Dostoievski que nasceu para as letras. Pelé é um desses, nasceu para deslizar nos gramados nos gramados de futebol, ou será que o futebol que nasceu para ter Pelé como rei.

Pelé foi o maior simplesmente porque foi o jogador mais completo que o futebol já viu e que jamais tornará a ver, implacável matador,batia forte, mas “colocava” a bola quando como ninguém, tinha uma batida mortal tanto de fora quanto de dentro da área, driblava como poucos e ainda era um exímio cabeceador. É, Pelé foi o mais completo futebolista que o mundo já viu.

Por tudo isso que meu pesar é tão grande, eu não vi Pelé jogar.

Muitos comentem pecados contra o nome santo de Pelé, comparam meros mortais ao deus do futebol, comparam humanos ao mito. Existem estúpidos e incultos que criticam a pessoa do Pelé, dizendo que Pelé é eterno e o Edson não, pobres babacas! Qual jogador em qualquer esporte no ápice de sua carreira lembrou dos pobres e oprimidos? Quem lembrou das criancinhas? Portanto, mais respeito ao pronunciarem o nome santo de Pelé.

Um jogador de 1284 gols, 31 títulos e 25 artilharias, além de uma quantidade incontável de fãs, um homem mais conhecido no mundo do que Jesus, Buda ou Maomé, sim é ele: Pelé.

O que não me sai da cabeça? Essa pergunta é realmente difícil, são tantas imagens, mas a principal delas é na final da Copa de 1958, remoto tempo em que o Brasil ainda não era o BRASIL, Pelé um molequinho de 17 anos assombrou o mundo com seu futebol-arte, na final meteu um chapéu no marcador sueco e fez o mais belo gol de todas as Copas. Mas o que não me sai da cabeça é o conjunto da obra, o golasso e a narração oficial do rádio que dizia: “maaaaaaaaaaaaaaaaaaagistral o gol de Peléééééééé”, isso não me sairá da cabeça jamais.

Sim, Pelé um jogador maaaaaaaaaaaaaaaaaaaaagistral. Depois dele a camisa 10 ficou imortal, mas de fato, depois de Pelé o futebol ficou imortal.



Pelé, o jogador que todos deveriam ter visto jogar.

domingo, 13 de dezembro de 2009

O jogo dos séculos


Quando imaginei um espaço para falar de jogos históricos o primeiro que me veio a mente é justamente esse, Vila Nova 5 x 3 Goiás.

Foi sem sobra de dúvidas a maior virada da história do futebol, digo isso sem medo algum de errar. Dizem que foi a “virada do século”, mas eu discordo, foi a virada dos séculos, eu duvido que nos séculos anteriores ou nos futuros existiram ou existirão uma virada de tal magnitude, não sou louco e sei que o futebol é um esporte novo, mas pode juntar aí também a pré-história do futebol, pois nem no futebol massivo bretão ou gaulês, nem no calccio praticado nas terras em que posteriormente se formaria a Itália, nos jogos maias ou na China do imperador Su existiu uma virada assim.

Sim, foi uma virada, na verdade a maior virada que o futebol já viu. Muitos times trocariam muitos troféus de suas respectivas galerias por uma virada de tal magnitude. O Madrid trocaria no mínimo dez campeonatos de seu país por uma vitória assim sobre o Barcelona e vice e versa, aliás essa lógica se aplica a qualquer grande clássico.

Quem ama e conseqüentemente vive futebol sabe o que uma grande rivalidade é capaz, sabe que vencer o rival vale tanto quanto vencer um campeonato, um folclórico dirigente do futebol brasileiro dizia: “o meu time joga dois campeonatos em um, o primeiro e mais importante é vencer o rival, o outro é o campeonato propriamente dito”.

Vila Nova e Goiás é sem dúvidas um desses clássicos, o que começou como o time dos pobres (Vila) contra o time dos ricos (Goiás) veio a ser uma das grandes rivalidades do futebol brasileiro.

O tal jogo mitológico aconteceu em 28 de março de 1999, pelo Campeonato Goiano do referido ano, o time do Goiás contava com jogadores como: Sílvio Criciúma, Josué, Marquinhos, Túlio, Aloísio, Fernandão e Araújo, um time que realmente colocava medo nos adversários.

Do lado do Vila Nova, um monte de guerreiros, não que não fossem bons jogadores, mas somente guerreiros para expressar o que eram aqueles jogadores.

O jogo começou e rapidamente co Goiás fez 3 x 0, três gols no goleiro Harley que já havia assinado contrato com o time de verde e que posteriormente se tornara um dos maiores ídolos da história deste time.

Final do primeiro tempo a torcida começou a gritar o irritante grito “1, 2, 3 o Vila é freguês.” Parecida tudo perdido.

E a torcida do Vila Nova? Estava lá, porque a torcida do Vila não abandona o time.
Começa o segundo tempo e aos 11 minutos Anderson faz um gol, muitos pensaram “pelo menos não será goleada”, pouco depois Anderson faz mais um e muitos pensaram “uai, dá para empatar”. Até que Leonardo fez um gol fabuloso, do meio do campo encobrindo o goleiro adversário quando muitos pensaram “que se dane, dá para ganhar”. Luizão de falta fez o gol da virada e todos pensaram “não acredito que estou presenciando isso”, depois ainda teve mais um, aí não deu para pensar mais nada.
Foi um jogo fenomenal, todos os ingredientes necessário aos grandes jogos, casa cheia, rivalidade a flor da pele, jogadores expulsos, tensão e muitos, muitos gols.
O que não me sai da cabeça? Nada me sai da memória, eu poderia falar do gol do meio campo, ou qualquer outro, mas o que é mais marcante nesse jogo é a explosão da sofrida torcida vilanovense, que conseguiu a virada dos séculos.
O Vila Nova pode até ver seus rivais terem existo em suas empreitadas enquanto não consegue atingir seus objetivos, mas a virada dos séculos, ninguém tira do Vila Nova.

Se um dia eu for acometido de perda de memória e puder pedir a Deus que me conserve apenas uma lembrança, peço a Deus que conserve na memória exatamente a lembrança desse jogo.



Vilaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa.

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Garrincha - O anjo de pernas tortas



Escrevo sobre um jogador que não existiu, sim isso mesmo, Garrincha é uma invenção fictícia, um mito criado pelos humanos para tentar explicar o inexplicável.

Muita gente duvida da existência de vida fora da Terra ou que o homem tenha ido à Lua, cada um desacredita no que quiser, eu não acredito que o Garrincha tenha existido e pronto. Pois bem, acreditar em vida em um Universo tão gigantesco é fácil, acreditar em que o homem foi na Lua também, afinal existem evidências. Agora no Garrincha eu não acredito, não tem como, tenho provas pra isso, como pode um homem com as pernas tortas brincar com a bola como ele fazia? Como poderia um humano desafiar as leis da física daquele jeito? O que a gravidade poderia falar após ter sido tão humilhada.

Não, esse tal Mané não existiu.

Agora, supondo que tenha existido. Uma infância pobre como todo bom jogador brasileiro, desde criança gostava de entortar um “João” qualquer em brincadeiras de bola. Para garrincha qualquer adversário era um “João”, não importava o adversário, importava era o drible.

Tentou jogar no Flamengo, mas disseram pra ele “aqui não se aceita aleijados”. Pobre Flamengo, mal sabia que aquele garoto de pernas tortas era um gênio e que faria o time rubro-negro penar, na verdade humilharia o time da Gávea por diversas vezes.

Foi tentar a sorte no Botafogo de Futebol e Regatas, chegando lá um dirigente qualquer disse “coloca o Nilton (Santos) marcar esse moleque, ele não ganha uma e vai embora com vergonha.” O Nilton Santos ao término do treino chegou no mesmo dirigente e disse: “Ou vocês contratam o garoto ou eu não jogo mais aqui, eu é que não quero ter ele como adversário.”

Sábio Nilton Santos, o Botafogo o contratou e daí pra frente, Garrincha tornou-se um mito. Botafogo que já merece meu respeito só por ter sido o time de Garrincha.

Garrincha driblou, driblou, driblou até quem era driblador. Mas ele só driblava? Sei que existem alguns desavisados que pensam isso, mas Garrincha também dava passes e acima de tudo fazia gols, foram 283 na carreira.

Mas ele driblava e driblava mesmo, quem não conhece a história da cadeira? Que cadeira? Bom, certa tarde um dirigente qualquer disse: “Garrincha você tem que ser mais objetivo”, pegou uma cadeira e disse: “você tem que bater mais a gol, pare de brincar com os adversários, imagine que essa cadeira é um zagueiro, passe por ela e faça o gol.” O que o Garrincha fez? Passou rápido pela cadeira chegou na cara do gol e... Voltou, deu uma caneta na cadeira um boné e aí sim fez o gol, fez isso por mais quatro vezes e sempre com dribles diferentes.

Esse era Garrincha.

Campeão da Copa de 1958, quando o mundo conheceu a “ginga” brasileira uma coisinha que até hoje tentam saber o que é. Foi campeão desconhecendo os adversários como se estivesse jogando contra times de bairro ajudou o Brasil a atropelar os até então temíveis europeus.

Na Copa de 1962 então, Pelé havia se machucado e Garricha teve nada mais nada menos que a maior atuação de um jogador em Copa do Mundo, jogou demais, humilhou quem viesse pela frente. Colocou seu nome entre os maiores jogadores de todos os tempos, aliás, para muitos o maior.

Imagem que não me sai da cabeça, são muitas, são muitos dribles inimagináveis, mas a mais marcante é de um jogo contra o Vasco da Gama em que Garrincha dribla três adversários volta e os dribla novamente derrubando dois no chão. Isso que era craque.

Garrincha, o único que não é pecado ser comparado com Pelé.

"Se há um deus que regula o futebol, esse deus é sobretudo irônico e farsante, e Garrincha foi um de seus delegados incumbidos de zombar de tudo e de todos, nos estádios. Mas, como é também um deus cruel, tirou do estonteante Garrincha a faculdade de perceber sua condição de agente divino. Foi um pobre e pequeno mortal que ajudou um país inteiro a sublimar suas tristezas. O pior é que as tristezas voltam, e não há outro Garrincha disponível. Precisa-se de um novo, que nos alimente o sonho."

Carlos Drumond de Andrade

"A um passe de Didi, Garrincha avança
Colado o couro aos pés, o olhar atento
Dribla um, dribla dois, depois descansa
Como a medir o lance do momento.

Vem-lhe o pressentimento; ele se lança
Mais rápido que o próprio pensamento
Dribla mais um, mais dois; a bola trança
Feliz, entre seus pés – um pé-de-vento!

Num só transporte a multidão contrita
Em ato de morte se levanta e grita
Seu uníssono canto de esperança.

Garrincha, o anjo, escuta e atende: – Goooool!
É pura imagem: um G que chuta um o
Dentro da meta, um 1. É pura dança!"

Vinicius de Moraes




Por tudo isso eu repito:

Garrincha não existiu, é um mito.